Extrema pobreza bate recorde e atinge mais de 13 milhões de Brasileiros.
A extrema pobreza no Brasil bateu recorde em 2018 com
mais de 13 milhões de pessoas vivendo com menos de U$ 2 ao dia,
segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) divulgada nesta quarta-feira (6).
O Brasil não tem uma linha explícita de extrema pobreza, mas o Banco
Mundial convencionou o parâmetro de U$ 1,90 ao dia como referência.
Pelos parâmetros do banco são consideradas pobres as pessoas que vivem
com até U$ 5,50.
Segundo a pesquisa do IBGE, o Brasil tinha cerca de
13,5 milhões de pessoas vivendo com menos de U$ 1,90 ao dia em 2018. O
percentual de pessoas na extrema pobreza atingiu no ano passado 6,5% da
população brasileira, maior patamar desde o início da pesquisa em 2012.
Em 2017, 6,4% dos brasileiros viviam na extrema pobreza e o menor patamar foi registrado em 2014, de 4,5%.
"Em 2018 tínhamos na extrema pobreza o equivalente a mais que as
populações de países como Portugal, Grécia e Bolívia", destacou o
pesquisador do IBGE Leonardo Athias.
O IBGE lembrou ainda que o Bolsa Família, principal
programa social do país, tem como foco famílias com renda per capita de
até R$ 89 ao mês, enquanto para o Banco Mundial uma pessoa se encontra
em pobreza extrema com uma renda per capita de R$ 145 ao mês.
"Quando ele [Bolsa Família] foi pensado lá atrás, era próximo da linha
de extrema pobreza global. Mas não foi atualizado e criou esse gap de R$
89 para R$ 145", disse Athias.
Crise econômica aumenta desigualdade
O aumento da extrema pobreza no país nos últimos anos, explicou o IBGE,
está diretamente ligado à recessão no biênio 2015/2016, que provocou
demissões em massa. Parte dessas pessoas só conseguiu retornar ao
mercado de trabalho mais tarde, em condições menos favoráveis.
"A crise econômica puxou a pobreza. E para superar
isso tem que haver políticas de combate à pobreza, medidas de estímulo
ao mercado de trabalho, políticas distributivas para proteger as
populações mais vulneráveis desses ciclos econômicas e estimular cada
vez mais a educação", avaliou o gerente do IBGE André Simões.
O maior percentual de população vivendo com menos de U$ 5,50
ao dia foi registrado no Maranhão, de 53%. Na outra ponta está Santa
Catarina, onde apenas 8% das pessoas tinham um renda domiciliar inferior
a esse valor.
Educação no Brasil segue abaixo do patamar internacional
Segundo o IBGE, ao longo das últimas gerações houve um aumento
considerável no nível de instrução da população brasileira, mas mesmo
assim o país está distante do patamar internacional.
A pesquisa mostrou que em 2017 --dado comparável a outros países-- 49%
dos brasileiros com idade entre 25 e 64 anos não tinham concluído o
ensino médio, mais que o dobro da média dos países da OCDE, cujo
percentual era de 21,8%.
O Brasil aparece à frente de países como México, Turquia, Costa Rica e
Portugal, mas atrás de diversos outros como Colômbia, Argentina, Chile,
África do Sul e a maioria dos europeus, além de Nova Zelândia, Austrália
e Japão.
"O aumento da escolaridade se deu de forma mais rápida nas gerações
mais novas, que se beneficiaram do processo recente de expansão da
educação básica e do ensino superior. Mas mesmo assim está abaixo da
média da América Latina", disse a pesquisadora do IBGE Betina Fresneda.
"Temos uma dívida educacional muito grande a ser pagar e uma inércia
das nossas políticas públicas que ganharam mais força na década de
1990", completou a pesquisadora.
No Brasil, apenas 19,7% das pessoas com idade entre 25 e 34 anos tinham
ensino superior completo em 2017, ao passo que a média da OCDE era de
36,7%, segundo o IBGE.
Os dados da pesquisa revelaram ainda que o Brasil tinha em 2015 uma das
maiores taxas de analfabetismo da América Latina, de 8% das pessoas com
15 anos ou mais. Esse percentual é igual ao da República Dominicana e
menor apenas que El Salvador, Honduras e Guatemala.
Por outro lado, a taxa de analfabetismo era de 0,2% em Cuba, 0,8% na Argentina, 1,5% no Uruguai e 3,4% na Venezuela.
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