Revista Época: O depoimento mais destruidor contra Lula.
A semana começou agitada com a
divulgação dos conteúdos das delações de executivos e ex executivos da
Odebrecht, e terminou com o depoimento bombástico do ex-presidente da
OAS, Léo Pinheiro, que acusou o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), de ter ordenado que o mesmo destruísse provas, e confirmou que o
Tríplex em Guarujá, é mesmo da família do ex presidente.
Durante esse final de semana as revistas de circulação nacional deram ênfase a esse assunto, classificando o fato como extremamente nocivo a imagem política do ex presidente.
Veja a matéria da Revista Época.
Na constelação de amigos empreiteiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, era o que desfrutava de maior proximidade com o petista. Estilo boa-praça, apreciador de cachaça, o ex-presidente da OAS orbitou a figura de Lula como nenhum outro empresário envolvido na Lava Jato. Não à toa, guarda os segredos mais caseiros do petista. Peça-chave nos processos que rastreiam a relação do ex-presidente com o tríplex do Guarujá e com o sítio de Atibaia, Léo era reticente a falar o que sabe. Após a divulgação do que disseram os executivos da Odebrecht, até mesmo o presidente Marcelo Odebrecht e o patriarca Emílio, Léo Pinheiro mudou de ideia. Nesta quinta-feira (20), em depoimento prestado ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, ele falou. Prestou o depoimento mais destruidor já feito contra Lula.
Léo Pinheiro disse que foi orientado por Lula a destruir provas de pagamento de propina ao PT. “Eu tive um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: 'Léo, o senhor fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?'. Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’”, diz Léo Pinheiro no depoimento. Segundo ele, Lula perguntou: “Como você está procedendo os pagamentos para o PT?”. “Através do João Vaccari. Estou fazendo os pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa dois, de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal.” Lula, então, ordenou: “Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua”.
Léo Pinheiro é réu na ação penal relativa ao tríplex em Guarujá, o apartamento que a OAS reservou e reformou a gosto de Lula e sua família, mas que o ex-presidente desistiu de comprar quando a Lava Jato estourou. Ele negocia uma delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena. A Moro, pela primeira vez ele confirmou que o apartamento pertence ao ex-presidente. Léo Pinheiro afirma que, quando a OAS comprou o Edifício Solaris da Bancoop, a falida cooperativa do Sindicato dos Bancários, foi avisado para não mexer com o apartamento de Lula. “A orientação que me foi passada naquela época foi de ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS, e depois a gente vai ver como faz a transferência ou o que for’”, disse. A orientação, ainda de acordo com Léo Pinheiro, partiu de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e de Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula. “Eu tinha uma orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do ex-presidente", afirmou a Moro.
Segundo ele, a cota pertencente a Lula e Dona Marisa era de um apartamento típico e não de um tríplex. “Eu fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento da família seria o tríplex.” O que Pinheiro diz combina com os documentos obtidos pelos investigadores, nos quais Lula teria direito a uma unidade comum, mas a OAS deu-lhe um tríplex e ainda o reformou, a seu gosto. As despesas com o imóvel, segundo o empreiteiro, eram lançadas num centro de custo paralelo apelidado de “Zeca Pagodinho”. “Mas tinha de ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas mensagens... de “Brahma”.
A revelação tem o poder de mudar o caso. Os procuradores reuniram provas que o apartamento pertencia a Lula. Afirmam que foi recebido em troca de favores feitos à OAS. A defesa de Lula sempre negou isso. Afirma que Lula apenas reservou um imóvel no prédio durante a fase de construção, mas o devolveu. Pinheiro demole essa versão da defesa.
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, contestou a versão do empreiteiro. “O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. A declaração do Léo Pinheiro é uma mentira. Ele não tem como provar e é uma mera declaração de uma pessoa que negociou uma versão com o Ministério Público. Ele [Léo] disse que entregou o apartamento, mas até hoje o ex-presidente não teve a chave, ou seja, é uma declaração incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela e não ao ex-presidente Lula. Então, essas declarações, como eu disse, são absolutamente incompatíveis com os diversos depoimentos que foram prestados. Foram 73 testemunhas ouvidas e com documentos da própria OAS na qual afirma que é proprietária desse imóvel. O importante é que no dia 3 [de maio, quando está marcado interrogatório de Lula] o ex-presidente estará aqui e mostrará a verdade dos fatos.”
Revista Veja
No depoimento, que foi dividido em seis vídeos, o empreiteiro ainda afirmou que o dinheiro gasto para bancar as reformas no tríplex provinha de propinas de contratos da Petrobras.”A OAS não teve prejuízo na reforma porque foi paga através da Rnest (refinaria Abreu e Lima, da Petrobras), do encontro de contas dela e de outras obras. Isso é muito claro”, afirmou. Mais adiante, ele confirmou que usou “valor de pagamento de propina” nas obras. Desde que a informação veio à tona, a defesa de Lula nega que ele seja proprietário do apartamento.
Durante o mesmo interrogatório, Pinheiro revelou ao juiz que foi orientado pessoalmente por Lula a destruir provas que pudessem incrimina-lo. Segundo ele, a destruição de evidências foi discutida com o petista em um encontro em junho. “O presidente (Lula) me fez a seguinte pergunta: ‘Léo — notei que ele estava até um pouco irritado —, você fez algum pagamento a João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) no exterior’. Não, presidente. Eu nunca fiz pagamento a essas contas no exterior. ‘Como é que o senhor está procedendo os pagamentos para o PT?’ Através de João Vaccari, de orientação de caixa dois, doações diversas a diretórios, e tal.’ Você tem algum registro de encontro de contas, de alguma coisa que tenha feita com João Vacari. Se tiver, destrua’, relatou o empreiteiro, reproduzindo a conversa que supostamente teve com o petista. Após a fala, os advogados de Lula ficaram por alguns minutos em silêncio.
Léo Pinheiro é réu por corrupção e lavagem de dinheiro junto com o ex-presidente na ação penal que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba e está na fase de oitiva dos acusados. O interrogatório de Lula está marcado para o dia 3 de maio.
As declarações do empreiteiro foram dadas num momento em que ele negocia um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. A informação foi confirmada pelo próprio Ministério Público no início da audiência.
Em nota, a assessoria de Lula afirmou que a afirmação de Pinheiro é “desprovida de provas e faz ilações sobre supostos acontecimentos de três anos atrás que jamais ocorreram”. “Ela foi feita por alguém que busca benefícios penais”, diz o texto.
Durante esse final de semana as revistas de circulação nacional deram ênfase a esse assunto, classificando o fato como extremamente nocivo a imagem política do ex presidente.
Veja a matéria da Revista Época.
Na constelação de amigos empreiteiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, era o que desfrutava de maior proximidade com o petista. Estilo boa-praça, apreciador de cachaça, o ex-presidente da OAS orbitou a figura de Lula como nenhum outro empresário envolvido na Lava Jato. Não à toa, guarda os segredos mais caseiros do petista. Peça-chave nos processos que rastreiam a relação do ex-presidente com o tríplex do Guarujá e com o sítio de Atibaia, Léo era reticente a falar o que sabe. Após a divulgação do que disseram os executivos da Odebrecht, até mesmo o presidente Marcelo Odebrecht e o patriarca Emílio, Léo Pinheiro mudou de ideia. Nesta quinta-feira (20), em depoimento prestado ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, ele falou. Prestou o depoimento mais destruidor já feito contra Lula.
Léo Pinheiro disse que foi orientado por Lula a destruir provas de pagamento de propina ao PT. “Eu tive um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: 'Léo, o senhor fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?'. Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’”, diz Léo Pinheiro no depoimento. Segundo ele, Lula perguntou: “Como você está procedendo os pagamentos para o PT?”. “Através do João Vaccari. Estou fazendo os pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa dois, de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal.” Lula, então, ordenou: “Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua”.
Léo Pinheiro é réu na ação penal relativa ao tríplex em Guarujá, o apartamento que a OAS reservou e reformou a gosto de Lula e sua família, mas que o ex-presidente desistiu de comprar quando a Lava Jato estourou. Ele negocia uma delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena. A Moro, pela primeira vez ele confirmou que o apartamento pertence ao ex-presidente. Léo Pinheiro afirma que, quando a OAS comprou o Edifício Solaris da Bancoop, a falida cooperativa do Sindicato dos Bancários, foi avisado para não mexer com o apartamento de Lula. “A orientação que me foi passada naquela época foi de ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS, e depois a gente vai ver como faz a transferência ou o que for’”, disse. A orientação, ainda de acordo com Léo Pinheiro, partiu de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e de Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula. “Eu tinha uma orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do ex-presidente", afirmou a Moro.
Segundo ele, a cota pertencente a Lula e Dona Marisa era de um apartamento típico e não de um tríplex. “Eu fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento da família seria o tríplex.” O que Pinheiro diz combina com os documentos obtidos pelos investigadores, nos quais Lula teria direito a uma unidade comum, mas a OAS deu-lhe um tríplex e ainda o reformou, a seu gosto. As despesas com o imóvel, segundo o empreiteiro, eram lançadas num centro de custo paralelo apelidado de “Zeca Pagodinho”. “Mas tinha de ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas mensagens... de “Brahma”.
A revelação tem o poder de mudar o caso. Os procuradores reuniram provas que o apartamento pertencia a Lula. Afirmam que foi recebido em troca de favores feitos à OAS. A defesa de Lula sempre negou isso. Afirma que Lula apenas reservou um imóvel no prédio durante a fase de construção, mas o devolveu. Pinheiro demole essa versão da defesa.
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, contestou a versão do empreiteiro. “O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. A declaração do Léo Pinheiro é uma mentira. Ele não tem como provar e é uma mera declaração de uma pessoa que negociou uma versão com o Ministério Público. Ele [Léo] disse que entregou o apartamento, mas até hoje o ex-presidente não teve a chave, ou seja, é uma declaração incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela e não ao ex-presidente Lula. Então, essas declarações, como eu disse, são absolutamente incompatíveis com os diversos depoimentos que foram prestados. Foram 73 testemunhas ouvidas e com documentos da própria OAS na qual afirma que é proprietária desse imóvel. O importante é que no dia 3 [de maio, quando está marcado interrogatório de Lula] o ex-presidente estará aqui e mostrará a verdade dos fatos.”
REDAÇÃO ÉPOCA
20/04/2017 - 21h39 - Atualizado 20/04/2017 22h18
Revista Veja
O tríplex era do Lula, diz Léo Pinheiro a Moro
O ex-presidente da OAS José Aldemario Pinheiro, o Léo Pinheiro, afirmou nesta quinta-feira ao juiz Sergio Moro que o tríplex 164 do edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, pertencia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop [cooperativa habitacional dos bancários]. Já foi me dito que era do presidente Lula e de sua família. Que eu não comercializasse”, afirmou o empreiteiro após ser perguntado pelo advogado do petista, Cristiano Zanin Martins, se ele “entendia” que a OAS havia repassado a propriedade ao ex-presidente.No depoimento, que foi dividido em seis vídeos, o empreiteiro ainda afirmou que o dinheiro gasto para bancar as reformas no tríplex provinha de propinas de contratos da Petrobras.”A OAS não teve prejuízo na reforma porque foi paga através da Rnest (refinaria Abreu e Lima, da Petrobras), do encontro de contas dela e de outras obras. Isso é muito claro”, afirmou. Mais adiante, ele confirmou que usou “valor de pagamento de propina” nas obras. Desde que a informação veio à tona, a defesa de Lula nega que ele seja proprietário do apartamento.
Durante o mesmo interrogatório, Pinheiro revelou ao juiz que foi orientado pessoalmente por Lula a destruir provas que pudessem incrimina-lo. Segundo ele, a destruição de evidências foi discutida com o petista em um encontro em junho. “O presidente (Lula) me fez a seguinte pergunta: ‘Léo — notei que ele estava até um pouco irritado —, você fez algum pagamento a João Vaccari (ex-tesoureiro do PT) no exterior’. Não, presidente. Eu nunca fiz pagamento a essas contas no exterior. ‘Como é que o senhor está procedendo os pagamentos para o PT?’ Através de João Vaccari, de orientação de caixa dois, doações diversas a diretórios, e tal.’ Você tem algum registro de encontro de contas, de alguma coisa que tenha feita com João Vacari. Se tiver, destrua’, relatou o empreiteiro, reproduzindo a conversa que supostamente teve com o petista. Após a fala, os advogados de Lula ficaram por alguns minutos em silêncio.
Léo Pinheiro é réu por corrupção e lavagem de dinheiro junto com o ex-presidente na ação penal que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba e está na fase de oitiva dos acusados. O interrogatório de Lula está marcado para o dia 3 de maio.
As declarações do empreiteiro foram dadas num momento em que ele negocia um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. A informação foi confirmada pelo próprio Ministério Público no início da audiência.
Em nota, a assessoria de Lula afirmou que a afirmação de Pinheiro é “desprovida de provas e faz ilações sobre supostos acontecimentos de três anos atrás que jamais ocorreram”. “Ela foi feita por alguém que busca benefícios penais”, diz o texto.
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